O tecido (refiro-me ao tecido de pano, fazenda) é produzido de diversas maneiras. Por motivos que logo serão capturados pelo leitor, vou me ater ao tecido básico, aquele que é produto da tecelagem com o concurso de maravilhoso engenho denominado tear. A coisa funciona mais ou menos assim:
Se o leitor imagina uma peça ou rolo de fazenda há de se situar no fato de que existe uma largura para este pano que, em cumprimento, se estende por metros e metros. Pois bem, o tear é u´a máquina que vai se utilizar de um rolo, de largura semelhante a da fazenda, com uma infinidade de fios paralelos sendo “puxados” por sobre uma “mesa” onde são passados, cada um, através de hastes com “buracos de agulhas” no meio. Estas hastes sobem e descem de maneira alternada de forma que a cada passo abrem um espaço entre os fios. O operador (tecelão), ou a própria máquina, aproveitam-se deste espaço para atravessar de um lado para o outro da largura, um fio independente que, no próximo movimento, será aprisionado (trançado)… e assim sucessivamente. O resultado “trançado” vai sendo enrolado do outro lado da máquina e ali estará o pano produzido.
Não sei se me fiz entender, porém aí vai mais um pouco de “cultura inútil”. Os fios no sentido do comprimento chamam-se urdimento e aquele transversal denomina-se trama. Daí dá para entender a origem de dois termos sobejamente usados em romances, histórias e novelas: “A trama entre os personagens foi tão bem urdida que…”, entenderam? A coisa toda foi tecida para um determinado final.
Agora, porque toda essa lenga-lenga sobre produção de tecidos? Onde o autor está querendo chegar? Calma pessoal ! Acontece que estou me reportando ao meu passado… ao passado de minha família, meus ascendentes.
Vocês se lembram quando publiquei o chineque, e lhes pus a par do estado de guerra (segunda mundial) em 1942 e lhes fiz conhecer o bairro suburbano de Del Castilho, no Rio de Janeiro. Neste bairro residia um grande contingente de operários da Fabrica de Tecidos Nova América que, como sua co-irmã Fabrica Confiança em Vila Isabel, se configuravam em expressivos fornecedores de tecidos para a produção de uniformes para as forças armadas. Meu tio Procópio era funcionário desta indústria na função de guarda-livros (contador).
Era bonito de se ver ! Toda a Del Castilho, assim como os vizinhos bairros de Maria da Graça, Inhaúma, Higienópolis e Cachambi tinham seu despertar e primeiros movimentos matinais regidos pelos apitos da fábrica de tecidos. A guerra terminou mas a importância daquelas indústrias, não. Direta ou indiretamente, àquela população de suas redondezas estava comprometida com suas existências, ao ponto de “doarem”, involuntariamente seus filhos e sobrinhos para a “causa proletária”. Assim, Meus primos, Ademar e Orlando e minhas primas Albertina e Dagmar, todos filhos do Procópio, e este criado de vocês, um dia havia, cada um, de estar a serviço daquele potentado industrial.
Nos seis anos de 1952 até 1958, trabalhei de auxiliar de produção, auxiliar administrativo (na verdade uma espécie de Office Boy interno), auxiliar e depois efetivo mecânico de manutenção de máquinas e equipamentos, tarefas que me faziam percorrer continuamente todo o complexo que, naquele tempo, comportava um efetivo de 6.000 empregados espalhados em oito edifícios de três e quatro andares. Aí, não teve jeito, tive que aprender alguma coisinha que agora estou desovando pra cima de vocês.
A Fábrica Nova América assim como a Fábrica Confiança, hoje exibe sua “chaminé de barro”, como cantava Noel Rosa, encimando sua arquitetura de “tijolos aparentes” em torno de magníficos e concorridos “Shopping Centers” (o da Fábrica Confiança, denomina-se “Boulevard”). Estou associando álbum de fotos com o nome de Nova América onde espero “dar uma pala” da coisa toda.
Bem, amigos, decidi dar uma breve volta em meu passado e vim até aqui, até vocês …
Tecendo considerações.
Especialistas dizem que nos últimos 15 anos disponibilizamos e compartilhamos mais informações que nos últimos séculos.. sem exageros com esses números… será que a arte ou tecnologia como a descrita aqui evoluiu na mesma velocidade?.. o produto aparentemente parece igual e, se muito me engano, o princípio continua o mesmo que o descrito, só que fazendo a uma velocidade maior…prova o eterno paradoxo do Homem!!!! Bacana lembrar dessa estória.
Bacana Vô.Não conhecia o esquema de "como fazer um tecido". Quanto mão de obra né?!Beijão
TIO JÚ, VC COMO SEMPRE MUITO INTELIGENTE.
BJS NO SEU CORAÇAO,E OTIMO DOMINGO…
ÁH, SOBRE TECIDOS,ACHEI O MAXIMO OTIMA INFORMAÇÃO…
JURO QUE ADOREI…